FEIRA DO LIVRO : HOMENAGEADOS





 


ADEMAR CAMPOS BINDÉ


    Jornalista por profissão. Escritor por paixão. Ademar Campos Bindé deixou um enorme legado para a memória histórica de Ijuí, alicerçado em 24 livros e publicações especiais. Teve atuação efetiva na área cultural do município, sendo um dos fundadores do Círculo de Escritores de Ijuí Letra Fora da Gaveta, do qual foi seu primeiro presidente. Em novembro de 2005 foi o patrono da XVI Feira de Livros Infantis do Sesc e da XIII Feira de Livros de Ijuí.

    Conversa entre amigos. Cenário: um banco da Praça da República. Dois amigos estudantes conversam sobre o que sonham ser no futuro. E um deles revela o desejo de tornar-se escritor. O amigo demonstra não acreditar como alguém pode se imaginar ganhando a vida apenas escrevendo livros. O tempo passou e o sonho virou realidade, materializado em 24 publicações de autoria de Ademar Campos Bindé, jornalista por profissão e escritor por paixão. Os caminhos para concretizar tal sonho começam pelo Jornalismo. Em julho de 1955 foi convidado para atuar como cronista esportivo do jornal Correio Serrano, sendo efetivado na função em novembro do ano seguinte. A partir de junho de 1965 foi promovido ao cargo de Secretário de Redação do Correio Serrano, em cujas funções permaneceu até novembro de 1973, quando se desligou desse órgão de imprensa para assumir a chefia de redação do Jornal da Manhã, onde atuou até sua aposentadoria em 15 de agosto de 1983.

    Entre 1984 e meados de 1985, quando residiu em Santa Cruz do Sul, exerceu o cargo de chefe de redação do Rio Vale Jornal. Retornando a Ijuí, voltou a atuar no Jornal da Manhã, a partir de 15 de setembro de 1985, como redator e também voltou a escrever sobre esportes. A partir de setembro de 1989 foi diretor do jornal Cidade, editado pela família Bindé, onde atuou até meados de 1994. De abril de 2008 a outubro de 2011 escreveu, semanalmente, uma página sobre fatos e personagens históricos no jornal O Repórter, o que voltou a fazer no jornal Hora H entre março de 2017 a meados do ano de 2018. Foi também blogueiro do Portal Ijui.com.O primeiro livro surge em meio a trajetória no jornalismo: “O Futebol em Ijuí – Documentário”, lançado em 1988. A publicação resgata a paixão de Ademar Campos Bindé pelo esporte. Foi presidente da Liga Ijuiense de Futebol e diretor do Conselho Municipal de Desportos (CMD) de Ijuí. Mas seu maior vínculo sempre foi com o Grêmio Esportivo Gaúcho, no qual foi secretário, presidente, diretor de futebol e cumulativamente treinador da então equipe de profissionais. Esse vínculo fez com que fosse aclamado Patrono do clube do coração em 5 de junho de 2010, permanecendo com o título até a sua morte. Mesmo assim alcançou reconhecimento no principal adversário, o Esporte Clube São Luiz, sendo autor do livro comemorativo dos 70 anos do rubro (2019). Logo após foi agraciado com o Título de Sócio Benemérito do clube.

    Nos últimos anos dedicou-se a escrever sobre fatos e personagens da história local, transformando-se num verdadeiro “contador de histórias”. É autor de 24 livros e publicações especiais. Destaque para a série “As Etnias em Ijuí”, com 12 volumes escritos entre 2005 e 2009, resgatando as etnias organizadas no município. É um dos associados fundadores do Círculo de Escritores de Ijuí Letra Fora da Gaveta, tendo sido seu presidente de abril de 2014 a abril de 2017. Em novembro de 2005 foi o patrono da XVI Feira de Livros Infantis do Sesc e da XIII Feira de Livros de Ijuí. De 2009 a 2014 foi membro do Conselho Municipal de Cultura de Ijuí. Como um dos fundadores da Associação de Amigos do Museu Antropológico Diretor Pestana recebeu, em 2013, o título de Sócio Benemérito.“Cumpri minha missão na construção literária histórica do município”, aponta Ademar Campos Bindé em mensagem que expressa orgulho por ter sido agraciado com Título de Cidadania de Ijuí, conferido em 17 de outubro de 2003. O jornalista e escritor nasceu em Campo Novo, então 3º Distrito de Palmeira das Missões, no dia 30 de setembro de 1932, filho de João Arbo Bindé e Luiza de Campos Bindé. Falecido em 3 de junho de 2021, teve seu nome eternizado na denominação da Biblioteca Pública Municipal Ademar Campos Bindé.


Bibliografia do Escritor


  • O Futebol em Ijuí - Documentário (1988)
  • Do Lampião à Luz Elétrica - A História da Energia em Ijuí (2000)
  • Tudo começou com o Pão - A História de 65 Anos de Guilherme Seidler & Cia. Ltda (2002)
  • As Etnias em Ijuí - Os Alemães (2005)
  • As Etnias em Ijuí - Os Poloneses (2005)
  • As Etnias em Ijuí - Os Italianos (2006)
  • As Etnias em Ijuí - Os Letos (2006)
  • As Etnias em Ijuí - Os Afro-Brasileiros (2006)
  • As Etnias em Ijuí - Os Austríacos (2007)
  • As Etnias em Ijuí - Os Portugueses (2007)
  • As Etnias em Ijuí - Os Árabes (2008)
  • As Etnias em Ijuí - Os Suecos (2008)
  • As Etnias em Ijuí - Os Espanhóis (2009)
  • As Etnias em Ijuí - Os Holandeses (2009)
  • As Etnias em Ijuí - Os Gaúchos (2009)
  • Ijuí: Histórias Revividas - 100 Anos de Emancipação (2012)
  • Vidas Reveladas: A História de Nossas Famílias Fengler & Gembala (2013)
  • Lutas e Conquistas: 35 Anos Sindilojas Noroeste (2013)
  • Revista 70 Anos do Grêmio Esportivo Gaúcho (2013)
  • Energia para a Vida: Ceriluz 50 Anos (2016)
  • Ouro Verde: Nasceu para Vencer (2017)
  • CTG Clube Farroupilha - 75 Anos de Tradições (2018)
  • A História de Uma Paixão (2019)
  • A Força da União Familiar (2019)




Texto escrito pelo filho do autor: João Luis Bindé.












VIDA E OBRA DE DANILO LAZZAROTTO: 

UM BREVE RESUMO


    Resumir a vida de Danilo Lazzarotto em um texto curto é um desafio e tanto. Sua vida foi longa, é verdade. Viveu com relativa saúde até os 86 anos. Mas, não é o somatório dos anos que tornam esta tarefa difícil, mas sim tudo que foi vivido ao longo deles. Danilo era apaixonado pelo estudo, pela arte de descobrir novas coisas e entendê-las com tanta profundidade a ponto de vivê-las, ensiná-las e registrá-las. Foi assim com a arte da escrita, que começou timidamente e foi evoluindo até a publicação de 14 livros. Por sua contribuição na área e por integrar o grupo Letras Fora da Gaveta, foi patrono da Feira do Livro de Ijuí em 1996. Agora em 2021, ano de seu falecimento, recebe esta póstuma homenagem para qual tenho o prazer de escrever este texto sobre sua vida e obra.

    Danilo nasceu em 19 de novembro de 1933. O gosto pela leitura o acompanhou desde pequeno. Seus pais eram pequenos agricultores e moravam no interior de Veranópolis. A leitura do jornal Stafetta Riograndense (hoje Correio Riograndense) era um ritual que preservavam para acompanhar as notícias, sobre tudo o que se dizia a respeito da segunda guerra e da guerra espanhola. Além disso, em cada edição o jornal publicava um episódio das peripécias de Nanetto Pipetta, o "imigrante italiano" que, embora os esforços, tudo o que ele fazia dava errado. Os pequenos contos eram lidos em voz alta por seu pai e Danilo gostava tanto que logo foi apelidado pelo avô com o nome do personagem.

    A mãe de Danilo era catequista e também o incentivou para a leitura tanto quanto o motivou para a vocação religiosa: "olha, o padre está rezando a missa, quando tu for grande será como ele, olha que bonito" dizia a ele desde pequeno. E, como tudo em sua vida, ele dedicou-se plenamente. Tornou-se seminarista com apenas 8 anos, foi ordenado Frei Capuchinho aos 24 anos anos e serviu ao sacerdócio até os 42, quando solicitou dispensa de suas obrigações. Durante este período foi vigário em diversas paróquias, tendo suas estadas mais longas na cidade de Marau e na Paróquia São Geraldo de Ijuí.

    A escrita entrou na vida de Danilo com o objetivo de registrar suas pesquisas e criar materiais interessantes para sala de aula. Cursou Filosofia (1955), Teologia (1957), e tão logo foi licenciado em História (1964) começou a lecionar na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ijuí (a FAFI que hoje se tornou a Unijuí). Lecionava dois semestres de História Geral, um de História do Brasil e um de História do Rio Grande do Sul. A apostila desta última foi se transformando aos poucos em seu primeiro livro, editado pela Livraria Sulina em 1970: A História do Rio Grande do Sul - obra que depois ganhou 6 novas edições.

    A paixão pelo estudo não parou por aí. Danilo estudou Arqueologia, Astronomia, Psicologia e até Parapsicologia. Foi professor da rede pública estadual e um dos fundadores do curso de História da Unijuí. Não sei de onde surgiu este cálculo, mas me foi dito que ao longo dos anos ele lecionou a mais de 10 mil alunos, o que não é de espantar já que ele mesmo se orgulhava em dizer que lecionava três turnos: manhã, tarde e noite.

    Também foi diretor do Museu Antropológico Diretor Pestana de 1975 a 1978 e participou das Pesquisas arqueológicas realizadas pela equipe interinstitucional FAFI/MADP, UNISINOS e UFRGS, através Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas – PRONAPA, no período de 1967 a 1973. Ainda hoje, muitas das peças expostas no museu carregam o seu nome nos registros.

    Dedicou-se de diversas formas a pesquisar sobre a história de Ijuí e região. Sobre a imigração italiana. A imigração Polonesa. O povoado do Itaí. Sobre o legado dos capuchinhos. Sobre os Sete Povos das Missões. E, embora todas estas obras tenham grande valor histórico, o livro que pelo qual ele guardava maior valor sentimental é Os Capangas do Coronel, um romance em que ele que narra o período histórico do Coronelismo e revela a vida e as barbáries cometidas por Antônio Soares de Barros, o Coronel Dico. A pesquisa por este livro foi longa e, porque não, divertida. Ele perseguia com gosto as histórias, tragédias e paixões que se entrelaçavam com os fatos históricos.

    Na vida pessoal, Danilo casou-se com a professora de letras Maria Ivone Lazzarotto, com quem compartilhou a vida, os sonhos e o amor até o último dia. Juntos, tiveram três filhas: Raquel, Flávia e Daniele - quem escreve este texto. Danilo foi um pai e avô amoroso para suas filhas e netos Gabriel, Antônia e João. Era um homem ativo, às vezes até demais. Em seu pouco tempo livre gostava de trabalhar na horta, produzir mel, criar galinhas, ler jornais, jogar canastra, pingue pongue, assistir novelas e, claro, ir à missa aos domingos.

    Quase tudo que relato neste texto foi registrado pelo próprio Danilo, no livro "Os Lazzarotto: Descendentes de Pietro e Bôrtola" no qual ele próprio narra a história de seus antepassados imigrantes italianos, de seus pais e de sua juventude. Ainda guardamos um último exemplar deste livro. Filho único, gasto pelo tempo e pelo manuseio de tanto ser lido e relido pelo próprio autor em seus últimos dias, em busca das lembranças que sua memória já não lhe oferecia. Algumas informações adicionais agradeço ao Museu Antropológico Diretor Pestana e à ótima memória de minha mãe.

    Escrever brevemente sobre a vida de nosso pai não é tarefa fácil. Mas, felizmente pudemos contar com os registros e escritos que ele mesmo tomou o cuidado de nos deixar. Suas palavras são um reduto de conforto e suas histórias um legado que nos orgulhamos em preservar. Nas notas finais de um de seus livros, Danilo faz um pedido que agora ofereço aos leitores deste texto: escrevam. Entrevistem os mais velhos e registrem suas histórias, pois: "os jovens morrem alguns. Já, os velhos morrem todos".


Texto escrito pela filha do autor: Daniele Lazzarotto


Bibliografia do Escritor 


  • Os Capangas do Coronel ( Romance Histórico)
  • Cultura Polonesa em Ijuí
  • História de Ijuí
  • Itaí e sua História (Cadernos do Museu)
  • Antropologia
  • A Evolução Cultural (Uma Teoria Antropológica Explicativa)
  • Notícia Descritiva Missioneira na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul
  • Alto da União e sua História
  • A Teoria de Darcy Ribeiro (A Evolução Cultural da Pedra Lascada à Cibernética)
  • Os Capuchinhos na História e no Desenvolvimento de Ijuí
  • História do Rio Grande do Sul
  • História Antiga
  • A Presença Italiana em Ijuí
  • Os Lazzarotto (Descendentes de Pietro e Bôrtola)