Adultos retomam os estudos pelo EJA

 


Tomar a decisão de voltar a estudar na fase adulta não é nada simples, sem dúvidas, são muitos os obstáculos que terão que ser enfrentados, a fase de incerteza e o preconceito são alguns desses desafios. Apesar dos questionamentos naturais sobre a retomada, a população tem buscado pelo conhecimento e escolas recebem turmas com pessoas adultas e idosas, permitindo novas experiências sociais e momentos de prazer.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA), possibilita ao aluno a condição de retomar a aprendizagem escolar e compartilhar suas experiências. Garantindo que se tenha o direito a um ensino diferenciado. A vontade de participar e estar em sala de aula é um estímulo aos alunos que se organizam para ir até a escola todas as noites, com foco nos objetivo de estar qualificado para o mercado, além disso, para muitos essa é uma realização pessoal, adquirir o conhecimento. 
No município de Ijuí, a Escola Municipal Fundamental Dr Ruy Ramos, participa do programa e ministra aulas para adultos independente da idade.  A oportunidade de alfabetizar-se, ainda que na terceira idade, também abre portas para pensar de forma crítica a vida, a sociedade e o mundo. 
Em entrevista ao JM, Elisabete da Silva Marques de 51 anos, e Paulo Rogério Martins Garcez, 50 anos, contam como foi a sua experiência de retomar os estudos nesse momento da vida. 
“Estou realizada, retomei os estudos com a esperança de aprender aquilo que não foi possível no passado, no início tive receio de retornar, mas agora vejo que sou capaz. Quando era jovem não me dediquei aos estudos, não frequentava as aulas então meus pais me tiraram da escola então comecei trabalhar para ajudar em casa e logo depois me casei, o tempo passou e apenas agora estou voltando. Tenho o objetivo de me formar para conseguir adquirir conhecimento para usar em meu trabalho, pretendo continuar estudando e me capacitando para o futuro”, destacou Elisabete. 
Para Paulo, estar em sala de aula novamente é um desafio, quando era criança ele caminhava seis quilômetros para chegar na escola, não tinha transporte, ele começou trabalhar com apenas 9 anos para ajudar a família e parou no terceiro ano do Ensino Fundamental.
"Nós mesmo criamos um preconceito e um pensamento de incapacidade, achamos que estamos muito velhos, mas para mim essa é uma oportunidade que não tive no passado, é difícil quebrar o preconceito, sei que somos vencedores por termos chegado até aqui", disse Paulo. "Estou aqui por causa da minha filha que me desafiou a voltar a estudar, no momento achei impossível e hoje  isso se tornou um objetivo, quero terminar o Ensino Fundamental, Ensino Médio e fazer cursos do Ensino Superior para me qualificar. Já até escolhi meu curso, fiz os cálculos e com 55 anos estarei apto para trabalhar com aquilo que gosto. Estamos em constante evolução, até agora já agregou muito conhecimento, acredito que posso melhorar mais ainda e que possa servir de exemplo para outras pessoas”, acrescentou.

fonte: Jornal da Manhã